Mitos e verdades sobre o tabaco

Parar de fumar não é fácil mas é possível

José Belo Vieira, médico de família e coordenador da Consulta de Cessão Tabágica do Centro de Saúde de Odivelas. desmistifica as crenças mais populares sobre o tabaco.


Fumo pouco; posso deixar quando quiser

“Pode ser mais fácil motivar um grande fumador a deixar o tabaco do que quem fuma pouco, pois muitos já começaram a sentir os efeitos físicos negativos. Quem fuma pouco gosta de pensar que não lhe está a fazer tanto mal, mas isso é um erro. Há ‘heróis’ que dizem aos amigos que no dia em que quis, parou. Este tipo de frase é muito prejudicial para os outros fumadores que o ouvem, porque sentem que eles não são capazes, que são uns fracos.”

Vou engordar 10 quilos...

Depende. Em geral engorda-se, mas pouco. “O metabolismo basal – a quantidade de energia que precisa apenas para manter os seus órgãos a funcionar – diminui ligeiramente quando deixamos de fumar. Em dois ou três meses a pessoa pode ganhar 2kg ou 2,5kg...” Mas o famoso vício de boca deixado em aberto pelo cigarro e o facto de o olfato e o paladar melhorarem muito fazem com que se procure substituição nos alimentos ou se tenha mais fome. “Se consumir alimentos muito calóricos, em meses pode ganhar mais de 10 quilos. Aqui, na consulta, também fazemos um plano alimentar para o fumador; às vezes é a primeira coisa de que falo.”

O tabaco ajuda-me a acalmar



“O cigarro não é um ansiolítico. Mas quando o nível de nicotina diminui no sangue os fumadores começam a ter sensações de privação, que os tornam mais ansiosos. Há pessoas que relatam que o simples gesto de pôr o cigarro na boca ou a forma como o agarram também os ajuda a acalmar; esses gestos são muletas.” Na verdade, o cigarro aumenta os batimentos cardíacos e a tensão arterial sobe. “Em cada 100 dos meus fumadores, 99 dizem-me, três ou quatro meses depois de deixarem de fumar, que agora é que sabem o que é ser uma pessoa mais calma.”

Para me concentrar/ /pensar/inspirar, preciso de um cigarro

“Várias das substâncias presentes num cigarro comum matam células cerebrais e diminuem a quantidade de oxigénio que chega ao cérebro (e a outros órgãos). Não nos faz raciocinar melhor; está provado que nos retira capacidades intelectuais e de mnemónica. O trabalho rende mais depois de deixar de fumar.”

Os cigarros eletrónicos são inofensivos

“A comunidade médica e científica é completamente contra eles. Os estu-dos provaram que, afinal, não são tão inócuos quanto isso: há substâncias carcinogénicas no vapor de alguns tipos de cigarros eletrónicos. Além disso, eles limitam-se a perpetuar a dependência psíquica da pessoa. São contraindicados pelo Infarmed e pela FDA norte-americana como método de ajudar a deixar de fumar, e em certos países, como a Austrália, foram mesmo proibidos.”

Fonte: http://activa.sapo.pt

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