Tabaco de enrolar vai aumentar de preço



Com o aumento do preço dos maços de cigarros, muitos fumadores passaram a optar pelo tabaco de enrolar, por ainda ser mais barato. Esta realidade, porém, poderá vir a ser alterada em breve, uma vez que o tabaco de enrolar actualmente à venda não reflecte ainda o recente aumento da carga fiscal que também este produto sofreu.

Os agentes envolvidos no fabrico, importação e comercialização do tabaco acreditam, por isso, que ainda este ano o preço irá subir, diminuindo a diferença que existe, hoje em dia, em relação aos cigarros vendidos em maços.

Segundo dados da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo, do Ministério da Finanças, a introdução no consumo (momento em que o produto é desalfandegado e paga imposto) do tabaco de enrolar praticamente duplicou entre 2009 e 2010: o chamado tabaco de corte fino passou de cerca de 158 toneladas para cerca de 312.

O presidente da Associação de Grossistas de Tabaco do Sul, João Passos, também diz ter aumentado, durante o ano passado, as vendas dos chamados "picados" - tabaco de enrolar - em 30 por cento. Segundo João Passos, que vende tabaco aos retalhistas para que estes o vendam ao público, há uma clara tendência de aumento da procura pelo tabaco de enrolar. Mas duvida de que a diferença de preços entre o tabaco que é vendido em maços e o de enrolar se mantenha durante muito mais tempo. "Está prevista uma tendência de convergência", diz.

O que acontece é que, até agora, o tabaco de enrolar era menos tributado do que os cigarros vendidos em maços, por isso era mais barato. Porém, com o Orçamento do Estado para 2011, esta realidade mudou: no total, a carga fiscal sobre o tabaco de enrolar passou de 67,12 por cento para 78,77, ficando semelhante à dos cigarros. Este aumento da fiscalidade sobre o tabaco de enrolar não está ainda reflectido no preço de venda ao público, pelo que continua a ser muito mais barato fumar tabaco de enrolar. Porém, a partir do momento em que estiver, o que pode acontecer dentro de cerca de três meses, o preço aumentará, reduzindo a diferença que, actualmente, existe em relação aos maços.

Não é possível dizer ao certo, para já, quanto irá aumentar o preço de cada marca, uma vez que os agentes envolvidos no processo de fabrico, importação e comercialização de tabaco podem tentar compensar essa diferença. Porém, mesmo que consigam suportar parte do aumento, o consumidor final também será afectado.

Ainda assim, João Passos acredita que um fumador continuará a poupar se optar pelo tabaco de enrolar, mesmo tendo em conta os custos adicionais em mortalhas e filtros. Actualmente, há maços de cigarros que já custam 4 euros. Ora, frisa, por 3,20 euros (e há marcas mais baratas) um fumador compra, neste momento, uma embalagem de 30 gramas de tabaco de enrolar que dá, pelo menos, para 40 cigarros, o dobro dos que vêm num maço. "Estou convencido de que vai sempre compensar", diz.

Alguns fumadores, habituados aos cigarros vendidos em maços, podem estranhar que, de uma forma geral, as embalagens de tabaco de enrolar não tenham informação sobre o teor de nicotina, o monóxido de carbono e o alcatrão. De facto, não é obrigatório, uma vez que esses valores dependem de o cigarro que se enrola ter muito ou pouco enchimento ou, até, filtro, por exemplo. O que algumas marcas fazem é colocar nas embalagens o teor que determinado tabaco terá se for enrolado com filtro e com o mesmo enchimento que um cigarro de um maço.

João Passos não deixa de lamentar o aumento da carga fiscal, porque prejudica os agentes envolvidos no processo e os consumidores e contribui para fuga aos impostos, fazendo disparar o contrabando e o tabaco contrafeito que, frisa, neste último caso, "pode ter menos qualidade".

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