Apenas uma em cada dez pessoas em todo o mundo está protegida por uma proibição total de publicidade ao tabaco, alerta esta quarta-feira a Organização Mundial de Saúde, que destaca no entanto os progressos alcançados nos últimos anos, avança a agência Lusa.
Num relatório sobre a epidemia do tabaco a nível global, a agência da ONU para a saúde (OMS) faz o balanço dos avanços alcançados desde que, em 2008, a organização identificou as seis medidas mais eficazes para reduzir o consumo do tabaco, conhecidas como MPOWER.
Apenas 10% da população protegida por proibição de publicidade ao tabaco |
A conclusão da OMS é que nos últimos cinco anos o número de pessoas abrangidas por pelo menos uma destas seis medidas mais do que duplicou, para 2,3 mil milhões em 92 países, um terço da população mundial.
Isto representa um aumento de quase 1,3 mil milhões de pessoas (e 48 países), com ganhos em todas as áreas, escreve a OMS.
Quase mil milhões de pessoas, em 39 países, estão hoje cobertas por duas ou mais medidas e um país, a Turquia, protege hoje toda a sua população, de 75 milhões, com todas as medidas MPOWER.
Monitorizar o consumo do tabaco, proteger as pessoas do fumo do tabaco, oferecer ajuda para deixar de fumar, alertar as pessoas para os perigos do tabaco, impor proibições a todas as formas de publicidade e aumentar os impostos sobre o tabaco são as seis medidas defendidas pela OMS.
Com um foco especial na proibição da publicidade, promoção e patrocínios por marcas de tabaco, considerada uma das formas mais poderosas de proteger as populações, o relatório da OMS conclui que o número de pessoas abrangidas por estas medidas aumentou em quase 400 milhões, mais do que duplicando.
Hoje, 24 países, com 694 milhões de pessoas, têm proibições completas de publicidade e outros 100 países estão perto de alcançá-las.
Apesar disso, destaca a organização, apenas 10% da população mundial está neste momento coberta por uma proibição completa de todas as formas de publicidade ao tabaco.
"A indústria tabaqueira não poupa nos gastos quando se trata de publicitar os seus produtos – estimativas indicam que gasta dezenas de milhares de milhões de dólares por ano em publicidade, marketing e promoção", escreve o director-geral adjunto da OMS, Oleg Chestnov, numa introdução ao relatório.
"É uma indústria determinada em alcançar as mulheres e as crianças e em abrir novos mercados nos países em desenvolvimento", acrescenta.
No relatório, a OMS recorda que o tabaco mata cerca de seis milhões de pessoas e causa perdas de mais de 500 mil milhões de dólares por ano e alerta que, para alcançar a meta acordada globalmente de reduzir o consumo de tabaco em 30% até 2025, mais países têm de implementar programas abrangentes de controlo da epidemia.
Até agora, a medida mais aplicada é a proibição de fumar em todos os espaços públicos, locais de trabalho e transportes públicos, adoptada em 32 países entre 2007 e 2012, protegendo mais 900 milhões de pessoas.
A introdução de avisos nos pacotes de tabaco também tem vindo a ser aplicada em cada vez mais países: nos últimos cinco anos, a medida foi aplicada por 20 Estados, com 657 milhões de pessoas.
O relatório agora apresentado é o quarto realizado no âmbito da Convenção Quadro da ONU para o Controlo do Tabaco, que entrou em vigor em 2005 e tem hoje 177 parceiros.
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