Três fabricas de tabaco na União Europeia vão encerrar

O Parlamento Europeu aprovou em Fevereiro uma directiva para desincentivar o consumo de tabaco, que inclui regras sobre a apresentação dos maços de cigarros.

Em apenas um mês, foram anunciados planos para o encerramento de três fábricas de tabaco na Europa, onde o mercado para este produto tem vindo a encolher, devido às mudanças no estilo de vida e ao aumento de impostos sobre o tabaco.

A britânica Imperial Tobacco, entre cujas marcas estão a Davidoff e a Gauloises, vai fechar a última fábrica no Reino Unido e também a única que tem em França, numa operação de corte de custos que significará uma redução de cerca de 900 postos de trabalho. A produção será transferida para fábricas já existentes na Alemanha (o maior mercado de cigarros da UE) e na Polónia.

Por seu lado, no início do mês, uma outra multinacional tabaqueira, a americana Philip Morris International, dona da marca Marlboro, decidiu arrancar com o processo para o fecho de uma fábrica na Holanda, logo dois dias depois de ter comunicado o encerramento de uma unidade na Austrália. Em Janeiro, tinha anunciado o investimento de 500 milhões para a construção de uma fábrica em Itália.

No anúncio, a Philip Morris admitiu que a quebra no mercado “é parcialmente devida a factores sociais e económicos”, mas culpou também as políticas fiscais e regulatórias “excessivas” da União Europeia, que, argumentou, fomentam o comércio ilegal de cigarros. 

De acordo com um estudo da analista KMPG, encomendado pela própria Philip Morris e divulgado no ano passado, o consumo na União Europeia tinha caído 5,7% em 2012, para os 593 mil milhões de cigarros. Entre 2007 e 2012, a quebra esteve perto dos 18%. O consumo de tabaco vendido ilegalmente subiu 8% naqueles cinco anos.

A Tabaqueira, filial da Philip Morris em Portugal, não quis comentar eventuais impactos do encerramento da unidade na Holanda. A fábrica portuguesa, que produz e comercializa marcas como a Marlboro, SG e Português, produziu no ano passado o equivalente a 46 mil milhões de cigarros, com 86% da produção a ser exportada, segundo números dados ao PÚBLICO pela empresa. Em 2013, as vendas totalizaram 1361,5 milhões de euros e o resultado líquido foi de 40,5 milhões de euros. No ano anterior, as vendas tinham sido de 1338,9 milhões e o resultado líquido de 43,3 milhões.

Os fechos das fábricas da Imperial Tobacco e da Philip Morris surgem pouco depois de o Parlamento Europeu ter aprovado, a 26 de Fevereiro, uma directiva, criticada pela indústria, que visa desincentivar o consumo de tabaco, sobretudo entre os jovens. Entre as medidas está o fim dos cigarros com sabor – por exemplo, a mentol –, que terão de sair do mercado durante ao fim de um período transitório de quatro anos. As novas regras obrigam também a que os maços tenham no mínimo 20 cigarros e um formato plano, para garantir o tamanho e visibilidade dos anúncios sobre os prejuízos para a saúde. Os cigarros electrónicos também passarão a ter novas normas de fabrico e comercialização, incluindo limites à concentração de nicotina e a obrigatoriedade de terem sistemas que evitem riscos caso sejam manuseados por crianças.

De acordo com a Comissão Europeia, o fumo é responsável anualmente por 700 mil mortes evitáveis. A directiva deverá estar em vigor em Maio e os Estados-membros terão um período de dois anos para transpor as regras para as legislações nacionais. O objectivo é reduzir, ao longo de cinco anos, o consumo de tabaco em 2%, o que significaria menos 2,4 milhões de fumadores.

Miguel Manso, in Publico.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário