Introdução ao Tabagismo em Portugal (2)

As primeiras referências ao tabaco surgem entre as populações nativas do continente americano, que o usavam não apenas fumado, como psicoestimulante, mas também em pasta como produto medicinal, pois acreditavam no seu poder divino (1, 2).
A sua introdução na Europa deu-se no século XVI e foi consequentemente exportado para países africanos e asiáticos acompanhando a grandiosidade das trocas comerciais
no período dos Descobrimentos (1).
O consumo de tabaco observa-se há vários séculos, através do mastigar das folhas, do fumo do cachimbo ou da inalação, mas o cigarro surge somente no fim do século XIX. Pelo seu custo e pela facilidade no manuseamento foi produzido em massa e contribuiu para uma rápida expansão do consume de tabaco a nível mundial (2, 3).
Após a I Guerra Mundial, a indústria de tabaco explorou as ideias de liberdade, de emancipação, de poder, criando novos significados dos papéis sociais das mulheres, com o intuito de aumentar o consumo nesta franja de mercado (4).
O tabaco foi fortemente utilizado pelas tropas aliadas durante a II Grande Guerra, e o hábito começou a suscitar interesse científico no mundo anglo-saxónico, que, ao contrário da Alemanha nazi, durante a primeira metade do século XX não se havia interessado pelo tabagismo.
O primeiro estudo epidemiológico surge em 1943 (5) e em 1950 são publicados quatro artigos sobre o tema (6-9). Nos anos 60 a relação entre tabaco e cancro do pulmão estava estabelecida (2).
Contudo, à crescente preocupação com os efeitos sanitários do consumo de tabaco contrapôs-se o ambiente liberal dos anos 70 e a agressividade da política comercial da indústria tabaqueira, levantando barreiras à implementação de campanhas e medidas efectivas contra o consumo de tabaco (2).
As medidas legislativas e as políticas públicas no sentido da prevenção e combate ao consumo do tabaco generalizaram-se durante a década de 80 (2). A Organização Mundial de Saúde (OMS) criou em 1987 o Dia Mundial sem Tabaco (31 de Maio) e lançou campanhas preventivas, em particular dirigidas os jovens e adultos jovens, os alvos preferenciais da indústria tabaqueira (2). Apesar dos esforços que têm vindo a
desenvolver-se na área da prevenção, estima-se que ocorram anualmente 4,9 milhões de mortes relacionadas com o tabaco, sendo o cigarro o único produto legal que mata através do consumo regular (10).
Para além das consequências individuais é de realçar o impacto social do tabagismo, nomeadamente através dos elevados custos económicos associados a gastos em saúde, absentismo ou incapacidade precoce (11), e à substituição de parte dos consumos familiares em bens de primeira necessidade pela aquisição de tabaco com o que isso arrasta de empobrecimento adicional. Pode ainda ser gerador de diversos acidentes relacionados com a condução, fogos domésticos ou florestais (12).

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